Entre as viagens mais frequentes estão visitas à sede do CREA e a cidade de Campinas, onde mora a filha do vereador
O primeiro a ser ouvido foi o motorista da Câmara, Ailton Carvalho, que foi flagrado pelo Fantástico levando o vereador duas vezes para São Paulo este ano, em julho e agosto de 2013. “Sou concursado na Câmara e não tenho vínculo político com nenhum vereador. Sou há 14 anos motorista e atendo os vereadores. As viagens são feitas a partir de uma solicitação de viagem ao presidente, nem todos colocam o destino. Às vezes saímos daqui com o destino SP e lá acabamos indo a mais de um lugar”, disse.
O vereador Magrão perguntou ao motorista Ailton Carvalho se nas viagens de Martim César, denunciadas pela reportagem, não havia destinos específicos. “Nas viagens só tinha o destino São Paulo. Mas vários vereadores fazem viagens sem detalhar os destinos. Isso não é algo só do vereador Martim César”.
“Geralmente eu pego o vereador Martim César em casa por volta das 8h. No dia que fomos ao hospital passei na casa dele e peguei o vereador e a esposa. Passamos pelo terminal rodoviário do Tietê para pagar a filha e fomos até o Hospital Albert Einstein. Lá o carro quebrou e não foi possível levar o vereador até a Assembleia Legislativa, desta forma ficamos no hospital a tarde toda. Do hospital levamos a filha para Campinas e depois voltamos para Pindamonhangaba”, completou. De acordo com o motorista todos os custos da viagem foram pagos pela Câmara, através do sistema ‘Sem Parar’ dos pedágios.
O segundo a ser ouvido foi o assessor da presidência, Eliseu Soares Ferreira. Ele também descreveu a forma como o vereador Martim César faz uso dos carros oficiais. “Tenho 23 anos de Câmara Municipal e a minha função é assessorar o presidente da Câmara, e nas horas que o presidente precisa, também faço viagens. Em 2013, fiz uma única viagem para Martim César, levando-o para a Assembleia Legislativa. Na ocasião, ele foi acompanhado do vereador Cal. Martim César foi presidente desta casa por dois mandatos e já cheguei a levá-lo ao CREA em legislaturas anteriores”.
O terceiro e último depoente ouvido nesta primeira sessão da CEI foi Alexandre de Almeida Vicente, motorista do Legislativo desde fevereiro de 2011. “De janeiro até hoje fiz uma única viagem para Martim César. A mãe do vereador tinha falecido e fui buscar a filha dele em Campinas para participar do velório aqui em Pindamonhangaba. Nessa viagem não houve solicitação por escrito, apenas um pedido verbal. Todos os custos de pedágio, gasolina, etc, foram pagos pela Câmara. Na legislatura anterior cheguei a levá-lo algumas vezes à Avenida Angélica em SP”. Questionado sobre o trabalho sem o pedido por escrito, Alexandre disse que cumpre ordens e que por isso não questionou a falta do documento.
O presidente da Comissão, vereador Magrão, informou que havia convocado o vereador Martim César para depor. “Solicitamos as imagens e alguns documentos à diversos órgãos e até o momento este material não chegou às mãos dos membros desta CEI. Por isso resolvemos esperar estes documentos para depois convocar novamente o vereador Martim César para falar”.
Conforme o Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba, a comissão tem o prazo de 90 dias para apurar os fatos e concluir os trabalhos.