Epidemia da felicidade

A felicidade está entre nós! O brasileiro não tem problemas e vive dias harmoniosos em casa com a família e no trabalho. Pelo menos é essa a sensação que se tem quando olhamos os perfis das redes sociais, em especial, o facebook.

Você já parou para pensar que todos, ou melhor 90% dos usuários das redes sociais, estão felizes, sem problemas, todos os dias em um lugar diferente, comendo em um restaurante diferente, viajando, com os amigos nas mais divertidas baladas. A parcela de pessoas que usa a ferramenta para fazer um protesto, por exemplo, é insignificante, perto dos que preferem ventilar algo que, muitas vezes, não condiz com a realidade.

A internet e o uso das redes sociais tornaram-se um vício. A exposição da vida pessoal também passou a ser uma obrigação. Afinal, quem não participa, deixa de mostrar para os amigos algo que o coloca como parte daquele grupo. Mas até que ponto é saudável viver em um mundo de fantasia? Contar uma história de vida apenas com os recortes da felicidade, como se estes fossem únicos e absolutos.

Ao mesmo tempo não vejo problemas dos momentos felizes serem compartilhados, é tão bom contar para os amigos as experiências de uma viagem, por exemplo. Mas será que nossas vidas são feitas apenas de momentos felizes? O facebook é retrato da realidade ou de um mundo, no qual construímos, o personagem dos sonhos? Por que não usar estas ferramentas, que são tão poderosas, de forma ativista, em defesa de alguma causa ou para propagar conhecimento e informação de qualidade?

Não sei se tenho condições de responder estas perguntas, mas tenho a sensação de que alguma coisa está errada. Ao acessar a 'time line' vejo um mundo de cordialidade e felicidade, e isso me incomoda. Não porque quero que as pessoas tenham problemas ou sejam infelizes, ao contrário, só por saber que a vida não é assim.

Talvez um desabafo, ou até mesmo uma constatação. Mas fica aqui um convite à reflexão. Será que o uso viciante das redes sociais está nos fazendo bem?