Há duas semanas a revista Época publicou uma capa na qual perguntava qual seria o futuro destas manifestações que tomaram conta das ruas do Brasil. Resolvi esperar as respostas e as ações dos governos, para então refletir sobre esta e tantas outras perguntas que tentam nos mostrar os caminhos deste importante momento da democracia.
Sair às ruas e brigar, por direitos e deveres, é importantíssimo e este movimento, que começou em razão do aumento das passagens de ônibus, e ganhou proporções inimagináveis, com certeza, terá lugar na história da democracia brasileira. Mas o que todos querem saber é a que rumo, político e social, estas manifestações nos levará. Depois de tantos discursos, promessas... uma ousada certeza: isso tudo não nos levará a lugar algum.
Será que as manifestações terão gás para continuar depois de alguns meses? À espera das ações, oriundas das promessas. A educação não será melhor do dia para noite! Os professores não terão melhores salários, porque segundo os governantes, os atuais orçamentos não permitem. Novas escolas não estarão à disposição das crianças em menos de um ano. E o pior, o tão sonhado dinheiro do petróleo é imaginário, já que chegará às mãos do governo em 2017.
Aqueles que precisam de médicos não serão melhor atendidos em um curto espaço de tempo. Já que as filas são de meses. Novos exames não estarão à disposição dos brasileiros, pois a compra de equipamentos é barrada, na maioria das vezes, por um processo burocrático que só faz deixar o problema ainda pior.
Os corruptos não serão punidos e eliminados, já que continuaremos a votar nos mesmos. Não há promessas políticas, pois os que que atualmente governam, não deram espaço a novos líderes como medo de perder espaço. Nada será diferente, se a lei penal não mudar, se a justiça brasileira não alterar sua ordem administrativa, eliminando as possibilidades de recursos. O caso mensalão é um exemplo. Os ministros em última instância condenaram, mesmo assim, em última instância, há embargos (recursos) para serem analisados.
E a reforma política, outra piada! Como fazer uma reforma política com políticos, que de acordo com as ruas, não nos representam. Como estes, que estão lá para defender os próprios interesses, serão capazes de ouvir as ruas e criar algo em favor do povo.
O grande problema do Brasil é o seu povo. Tudo, exatamente, tudo é articulado por gente. Portanto, o grande problema do Brasil é gestão, é o caráter daquele que compra para o hospital, que divide a verba entre as escolas, que quer levar vantagem em uma licitação. Nas ruas, nas redes sociais... é lindo falar em unidade, em direitos para todos. Mas na hora da prática... é lindo agir em benefício próprio, não se preocupando com o outro. Se alguma mudança houver, não será agora, e sim quando uma nova geração começar a ganhar espaço no dia a dia do Brasil.
Antes um registro do momento, desta vez uma análise dos seus desdobramentos.