Uma semana a favor da fé

Não há dúvidas de que vivemos uma semana histórica. Em meio a desconfianças políticas e econômicas, vem de longe alguém que nos traz a certeza de que ter fé é fundamental para construirmos um mundo novo e mais humano.

O Papa Francisco chegou, pediu licença para entrar nos nossos corações e com o povo celebrou a simplicidade de ‘ser’ – “Para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal de seu imenso coração. Por isso, permito-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta”.

De papa-móvel sem vidros blindados, andando de carro popular, com o sorriso insistente no rosto – gestos que podem ser considerados sinônimos de luxo e riqueza. Riqueza que não está no saldo da conta bancária ou no poder que exerce, mas sim na forma de tratar e respeitar quem lhe segue. Um exemplo de líder, de representante popular. “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo”.

E os políticos brasileiros deveriam aprender a lição. Estar ao lado do Papa como católicos fervorosos é hipocrisia? Já que respondem a processos de desvios do dinheiro público, já que, por inúmeras vezes, manifestaram opiniões contrárias à Igreja em relação ao aborto, por exemplo. Que políticos são esses? Que não se contentam em receber um Papa, um chefe de Estado, e usam da liturgia para se promover, elencar virtudes e mostrar-se alinhado aos dogmas da boa fé, quando na realidade a mídia nos mostra algo diferente todos os dias.

Junto da bagagem um único objetivo, trazer os jovens para a Igreja, mostrar a eles o quanto são importantes para o mundo e de que forma os mais velhos devem enxergá-los em um futuro não muito distante - minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do bispo de Roma, de confirmar os seus irmãos na fé em Cristo, de animá-los a testemunhas as razões da esperança que dele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas de seu amor”.

“A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; isso significa tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica”.

A Igreja Católica tem desafios a serem enfrentados e leis conservadoras precisam ser revistas. O mundo mudou e a Igreja também precisa mudar. Este registro é válido e importante. No século 15 o papa Inocêncio 8 escreveu o primeiro documento sobre a mídia, o Inter Multiplices, exigindo censura para as publicações, pois afirmava que muitas ideias contrárias à fé e aos bons costumes estavam sendo difundidas na sociedade. Desde então os ideais não mudaram, talvez adaptar-se aos novos tempos seja a melhor forma de manter a cruz entre os povos.

Não queremos defender aquela ou esta religião, ao contrário, acredita-se que o objetivo do Papa Francisco seja o mesmo de todas as religiões: fazer do jovem o futuro. Se procurarmos no dicionário do significado da palavra fé, encontraremos, entre várias definições a de que fé é a coragem de acreditar. E é isso que todos nós desejamos aos jovens do mundo todo, é isso que todas as igrejas e religiões desejam - fazer com que os jovens possam acreditar que podem construir um mundo melhor. “Um diálogo de amigos com a nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do papa”.

Com trechos do 1º discurso do Papa Francisco no RJ.