Os embargos da indecência

Dirceu acompanha em SP as sessões do STF pela televisão (Foto: Marlene Bergamo - FolhaPress)
O Brasil saiu às ruas por R$ 0,20. Porque não sair às ruas para que condenados cumpram suas penas? Essa é a pergunta que fica para todos nós esta semana, quando juízes, da mais alta corte do nosso país, disseram em bom tom, que não estão preocupados com a opinião pública.

Dizer não aos embargos infringentes não se trata de algo certo ou errado, deste vergonhoso processo penal chamado mensalão. Trata-se de um dever moral do STF com o povo brasileiro.


O dia 11 de setembro de 2013 também fará parte da história do Brasil. Será lembrado como o dia em que se decretou a falência moral deste país.

Também é fazer justiça zelar pela ética, pela decência, pelo exemplo do que é certo. Saber avaliar as consequências. Afinal não é isso que se faz quando se condena um criminoso?

O que esperar de um juiz do STF que rasgou elogios a um de seus condenados? [Barroso defendeu em um dos seus primeiros discursos o político José Dirceu, condenado do mensalão.]

Que nova defesa será apresentada? A não ser voltar a discutir o que já se falou em mais de dois meses de julgamento. Os ministros do STF darão penas menores? Irão desdizer o que proferiram? A mais alta corte decretará a impugnação de suas próprias decisões? O segundo turno dos julgamentos no Brasil?

Celso de Mello parece já ter decidido. Mas espero, de verdade, que o povo brasileiro não se cale. Não fique nas redes sociais fazendo da palavra 'pizza' um substantivo da moda. Chegou a hora de agir, chegou a hora de dizer que justiça também se faz a favor do povo, que foi a única e verdadeira vítima deste escândalo.

Talvez esta opinião possa ser entendida por alguns como um ato de ignorância. Até porque, de fato, desconheço muito do direito. Mas este é meu sentimento como cidadão, minha opinião do que é certo e do que deveria ser feito. E para isso reservo-me o direito de fazer uso de uma prerrogativas da nossa Constituição: a liberdade de expressão.