O assunto já ganhou destaque nos jornais e na televisão dos brasileiros e já causa sensações de pavor em muitos países do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Trata-se do vírus Ebola, que de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), se não for controlado com agilidade, poderá, em pouco tempo, comprometer a saúde mundial.
Ebola é uma febre grave do tipo hemorrágico transmitida por um vírus do gênero Filovirus, altamente infeccioso, que desenvolve seu ciclo em animais. A primeira vez que o vírus Ebola surgiu foi em 1976, em surtos simultâneos em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo do Rio Ebola, que dá nome à doença. Morcegos frutívoros são considerados os hospedeiros naturais do vírus Ebola. A taxa de fatalidade do vírus varia entre 25 e 90%, dependendo da cepa.
Primeiramente, o vírus Ebola foi associado a um surto de 318 casos de uma doença hemorrágica no Zaire (hoje República Democrática do Congo), em 1976. Dos 318 casos, 280 pessoas morreram rapidamente. No mesmo ano, 284 pessoas no Sudão também foram infectadas com o vírus e 156 morreram.
O surto atual começou na República de Guiné em março deste ano, e se espalhou para os países vizinhos Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Um segundo foco separado ocorre na República Democrática do Congo, onde foi identificado uma cepa diferente do vírus.
Há cinco espécies do vírus Ebola: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão e Zaire, nomes dados a partir de seus locais de origem. Quatro dessas cinco cepas causaram a doença em humanos. Mesmo que o vírus Reston possa infectar humanos, nenhuma enfermidade ou morte foi relatada.
O que causa? Como é a transmissão? O Ebola pode ser contraído tanto de humanos como de animais. O vírus é transmitido por meio do contato com sangue, secreções ou outros fluídos corporais. Agentes de saúde frequentemente são infectados enquanto tratam pacientes com Ebola. Isso pode ocorrer devido ao contato sem o uso de luvas, máscaras ou óculos de proteção apropriados.
Enterros onde as pessoas têm contato direto com o falecido também podem transmitir o vírus, enquanto a transmissão por meio de sêmen infectado pode ocorrer até sete semanas após a recuperação clínica. Ainda não há tratamento ou vacina para o Ebola, mas algumas drogas já estão sendo testadas.
Quais são os sintomas? No início, os sintomas não são específicos, o que dificulta o diagnóstico. A doença é frequentemente caracterizada pelo início repentino de febre, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta. Isso é seguido por vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais e, em alguns casos, sangramento interno e externo.
Os sintomas podem aparecer de dois a 21 dias após a exposição ao vírus. Alguns pacientes podem ainda apresentar erupções cutâneas, olhos avermelhados, soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e engolir.
Como é feito o diagnóstico? Diagnosticar o Ebola é difícil porque os primeiros sintomas, como olhos avermelhados e erupções cutâneas, são comuns. Infecções por Ebola só podem ser diagnosticadas definitivamente em laboratório, após a realização de cinco diferentes testes. Esses testes são de grande risco biológico e devem ser conduzidos sob condições de máxima contenção. O número de transmissões de humano para humano ocorreu devido à falta de vestimentas de proteção. “Agentes de saúde estão, particularmente, suscetíveis a contraírem o vírus, então, durante o tratamento dos pacientes, uma das nossas principais prioridades é treinar a equipe de saúde para reduzir o risco de contaminação pela doença enquanto estão cuidando de pessoas infectadas”, afirma Henry Gray, coordenador de emergência de MSF (Médicos Sem Fronteiras) durante um surto de Ebola em Uganda em 2012.
Como é o combate? “Não existe tratamento específico para combater o vírus Ebola, que infecta adultos e crianças sem distinção. Não existe também uma vacina contra a doença, mas já foi testada uma fórmula em macacos, morcegos e porcos-espinhos que mostrou resultados positivos nesses animais.O único recurso terapêutico contra a infecção causada pelo Ebola é oferecer medidas de suporte, como reposição de fluidos e eletrólitos, hidratação, controle da pressão arterial e dos níveis de oxigenação do sangue, além do tratamento das complicações infecciosas que possam surgir. No Brasil, existem dois centros de referência preparados para tratar pacientes infectados pelo vírus Ebola: o Fiocruz, no Rio de Janeiro, e o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo”, alerta o Dr. Drauzio Varella.
Pelo mundo. O governo dos Estados Unidos admitiu esta semana que precisa rever a forma como vem trabalhando na prevenção de infecções por Ebola. O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), Thomas Frienden, disse em uma entrevista coletiva que a confirmação do caso de contagio da enfermeira Nina Pham, 26 anos, revelou a necessidade de "repensar" protocolos e segurança.
No Brasil o único caso suspeito foi descartando pelo Ministério da Saúde, depois de dois exames de sangue. O Instituto Evandro Chagas, em Belém, confirmou que o homem de 47 anos, procedente da Guiné, não tem o vírus.
No entendo, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que as medidas de prevenção da doença permanecem iguais. “Todas as medidas de prevenção e de vigilância em relação ao ebola permanecem. Ao mesmo tempo em que passamos tranquilidade à população, entendemos que se trata de uma enfermidade de risco pequeno, mas que não podem ser descartadas as medidas de prevenção” avaliou o ministro.
A epidemia de ebola matou mais de quatro mil pessoas este ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e contaminou mais de oito mil em cinco países do Oeste africano: Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa.
Com informações: Agência Brasil, Médicos Sem Fronteiras, G1, Site Dr. Drauzio Varella e OMS